Suplentes têm
direito a salário, motorista particular, apartamento funcional e outros
benefícios enquanto estão à frente do mandato; se houvesse 'bancada dos
substitutos', seria a 2ª maior da Casa.
Por
Gustavo Garcia, G1, Brasília
O plenário do Senado, em sessão de
votação (Foto: Gustavo Garcia/G1)
Dezesseis dos atuais 81 senadores da República
(19,75%) não são os titulares eleitos para ocupar cadeiras no Senado e são
rostos desconhecidos dos próprios eleitores. Entre os motivos que levaram os
substitutos à Casa estão falecimento, cassação e licença do titular.
Se existisse uma “bancada de suplentes”, seria a
segunda maior do Senado, perdendo apenas para o PMDB, que tem 19 senadores. O
grupo de substitutos é mais numeroso do que as segunda e terceira maiores
bancadas da Casa: PSDB (12 parlamentares) e PT (10).
Se o quadro permanecer assim até fevereiro, os
substitutos participarão da importante votação que vai escolher o presidente da
Casa pelos próximos dois anos, prevista para o dia 1º de fevereiro.
Cada chapa eleita no Senado é composta por um titular
e dois suplentes. Tradicionalmente, os substitutos são empresários, donos de
grandes patrimônios, que financiam a campanha do senador que encabeça a chapa.
É o caso de Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que assumiu
em definitivo o mandato após a morte de João Ribeiro (PR) em 2013, e Wilder
Morais (PP-GO), que entrou no lugar do cassado Demóstenes Torres (ex-DEM).
Ao assumir o mandato, o suplente passa a ter
direito a todas as prerrogativas de um senador, como salário de R$ 33,7 mil,
motorista particular, apartamento funcional e outros benefícios. Além disso,
substituir o titular da chapa é uma oportunidade de ganhar destaque e, até
mesmo, uma chance de iniciar uma carreira política.
Falecimento
Entre os senadores que não eram os principais nomes
das chapas eleitas, três assumiram definitivamente o mandato em razão da morte
dos titulares. Além de Ataídes Oliveira, Zezé Perrella (PTB-MG), que substituiu
o ex-presidente e ex-senador Itamar Franco (PTB-MG), morto em 2011; e Dalírio
Beber (PSDB-SC), que entrou no lugar de Luiz Henrique (PMDB-SC), morto em 2015.
Prefeito e
governadores
Com a renúncia de Marcello Crivella (PRB), que
assumiu a prefeitura do Rio de Janeiro no começo do ano, Eduardo Lopes (PRB-RJ)
passou a ser o terceiro da bancada fluminense no Senado.
Assim como ele, outros três senadores ocupam
cadeiras no plenário da Casa porque os titulares trocaram o Legislativo pelo
Executivo. Regina Sousa (PT-PI) substitui Wellington Dias (PT-PI), atual
governador do Piauí; Hélio José (PMDB-DF) entrou no lugar deixado por Rodrigo
Rollemberg, governador do Distrito Federal; e José Medeiros (PSD-MT) era
suplente de Pedro Taques (PSDB-MT), governador de Mato Grosso.
A posse de Medeiros como senador foi marcada por um
impasse dentro da própria chapa. Ele e o segundo suplente, Paulo Fiuza,
travaram um embate pela cadeira de Taques. Prevaleceu o que estava no registro
da chapa no Tribunal Superior Eleitoral, que apresentava Medeiros como primeiro
suplente.
Hoje, o parlamentar do Mato Grosso é pré-candidato
à presidência do Senado na eleição que vai escolher o sucessor de Renan
Calheiros (PMDB-AL).
Ministros e
secretários
Quatro parlamentares substitutos entraram no lugar
de parlamentares que assumiram cargos em ministérios, secretaria e no Tribunal
de Contas da União (TCU).
Blairo Maggi (PR-MT) se afastou para chefiar o
Ministério da Agricultura, o que levou Cidinho Santos (PR-MT) para o Senado. O
mesmo aconteceu com o chanceler José Serra (PSDB-SP) que, ao assumir o comando
do Itamaraty, abriu caminho para José Aníbal (PSDB-SP) participar de votações
de propostas na Casa.
Walter Pinheiro (sem partido-BA) foi trabalhar com
o governador da Bahia Rui Costa (PT-BA), na Secretaria de Educação do estado.
Com isso, o suplente Roberto Muniz (PP-BA) passou a fazer parte da bancada baiana
no Senado.
Blairo Maggi, José Serra e Walter Pinheiro apenas
se afastaram dos mandatos no Senado e, caso deixem de exercer as funções que
assumiram dentro do período do mandato legislativo, têm o direito de retornar
ao parlamento.
O mesmo não acontece com Vital do Rêgo (PMDB-PB)
que renunciou ao mandato no Senado para assumir uma vaga no TCU. O suplente
Raimundo Lira (PMDB), que foi presidente da comissão especial que analisou o
impeachment de Dilma Rousseff, tem o lugar no Senado assegurado até o fim de
2018.
Raimundo Lira, que financiou a campanha de Vital do
Rêgo, tem, inclusive, a pretensão de ser o novo líder do PMDB no Senado em
2017. Ele disputa a função com o cacique Renan Calheiros, que ainda não decidiu
seu futuro quando sair do comando do Senado.
Cassações
Além de Wilder Morais, que entrou no lugar do
cassado Demóstenes Torres em 2012, o senador Pedro Chaves (PSC-MS) também
substitui um senador que perdeu o mandato.
Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) foi cassado no ano
passado após ter sido preso pela Polícia Federal, acusado de tentar atrapalhar
investigações da operação Lava Jato. Ele deu lugar a Chaves, empresário
milionário do ramo da educação.
Licenças
temporárias
A lista de senadores substitutos também é formada
por parlamentares que tem os dias contados em Brasília. São os suplentes que
substituem titulares de chapa que deixaram a Casa para tratar de saúde ou de
assuntos particulares.
Nesse caso, de licença de 120 dias das atividades
parlamentares, os licenciados também deixam de receber a remuneração de
senador.
Encaixam-se nessa situação os senadores Thieres
Pinto (PDT-RR), que entrou no lugar de Telmário Mota (PDT-RR), Pinto Itamaraty
(PSDB-MA), suplente de Roberto Rocha (PSB-MA), e Pastor Valadares (PDT-RO), que
está na vaga de Acir Gurgacz (PDT-RO).
Valadares é único senador em exercício que é
segundo suplente na chapa eleita. Isso porque o primeiro, Gilberto Piselo
(PDT-RO), assim como Acir Gurgacz, pediu licença do mandato para cuidar da
saúde e de assuntos particulares.
PEC dos
Suplentes
Pastor Valadares não teria direito a ocupar uma
cadeira no Senado se os senadores tivessem aprovado uma Proposta de Emenda à
Constituição (PEC), de autoria do ex-senador e ex-presidente José Sarney
(PMDB-A), que pretendia diminuir o número de suplentes de dois para um.
O texto também queria proibir que parentes dos
titulares da chapa fossem registrados como suplentes. Isso acontece com Eduardo
Braga (PMDB-AM), Ivo Cassol (PP-RO) e Edison Lobão (PMDB-MA), que têm como
substitutos imediatos, respectivamente, esposa, pai e filho.
No entanto, a proposta, que precisava do apoio de
49 senadores, recebeu, em 2013, 46 votos favoráveis e 17 contrários. O texto
acabou sendo derrubado pelo plenário. Ivo Cassol foi um dos senadores
contrários à PEC.
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